terça-feira, fevereiro 12, 2008

Quando for grande


Quando for grande quero ser como as personagens das telenovelas: trabalho pouco ou nada, ganho muito (ou pelo menos o suficiente para fazer uma vidaça daquelas, vestir-me assim e assado e andar no último grito da moda) e poder gritar com o patrão sem que ele me despeça. Os patrões perdoam tudo e relativizam tudo. Cada um faz mais ou menos aquilo que quer: entra e sai à hora que bem lhe apetecer. A vida flui e eles trazem uma estranha certeza de que tudo vai correr bem e de que conseguirão tudo aquilo com que sonham. As pessoas más trazem-no escarrapachado na testa, o que nos facilita imenso a tarefa de percebermos em quem podemos ou não confiar. O inimigo vem devidamente identificado e só nos aproximamos dele se formos verdadeiramente parvos. Essa é a parte intrigante nas telenovelas: há quem se aproxime destas personagens declaradamente más. Nestas alturas não consigo ter pena deles, estão mesmo a pedi-las. Alguns homens e algumas mulheres aparecem idealizados, bem como alguns relacionamentos e dia-a-dias que nada têm a ver com a realidade. Poder-me-ão dizer e com alguma razão: vá, não sejas assim, isto é uma ficção. Certíssimo, estamos plenamente de acordo, mas ainda não perdi a esperança de que no dia em que eu for grande a vida vai ser realmente assim. Talvez para quebrar esta tendência amorosa temos agora os Casos da Vida que pretendem precisamente retratar (neste caso de uma forma exagerada para o mau) supostas situações da vida real, menos felizes. Não se entende de facto. Por um lado querem fazer-nos sonhar com histórias ideais, por outro derretem-nos de tristeza com as desgraças alheias. Mas entre uma e outra continuo a querer ser uma aquelas pessoas a quem tudo acaba por correr sempre bem. Está decidido: é isso mesmo que eu quero ser quando for grande.

1 comentário:

Anónimo disse...

Miga para variar, apaixonada por exa "novela" :P Como eu te compreendo :p loooool