quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Caminhos


- Olá, boa tarde, desculpe o incómodo.
- Diga menina, em que posso ajudá-la?
- Eu acho que estou perdida. Sabe, procurei em todos os mapas onde ficaria o fim do mundo e não encontrei a referência em nenhum. Como sou dada às novas tecnologias comprei um GPS e lá lhe pedi que me levasse até à terra do nunca e ele amavelmente foi-me dando indicações ora para a direita, ora para esquerda e tenho andado nesta vida. A verdade é que nunca mais chego ao destino e já me estou a aborrecer com isso a sério. Liguei a uma amiga em que confio, é hospedeira de bordo e ocorreu-me de imediato que ela seria a solução deste meu problema. Quando questionada sobre a precisa localização da terra prometida também ela entrou num jogo de gaguejos soluçados e acabou por encalhar num boa pergunta, não faço ideia. E nisto ficou de questionar o piloto mais experiente que conhecia. Ele deu meia dúzia de gargalhadas, mas deixou-se ficar por ali também, sem resposta... Como sou persistente e estou convicta que chegarei ao meu destino, não desisti ainda de pisar essa terra que a poucos está acessível, por isso é que ninguém nunca lá esteve.
- Difícil tarefa a sua, mas não é impossível.
- A sério? Acredita mesmo? Eu sabia que alguém me levaria até lá. Por favor, oriente-me.
- É mais fácil do que parece. Largue o GPS, desligue o telémovel, queime os mapas e siga somente as indicações que eu lhe dou: deixe-se levar lentamente pelo caminho que o seu coração quiser percorrer, vire nas ruas que ele pedir, espreite atenta os becos e ruelas que lhe pareçam mais perigosos, mas retire deles apenas o que lhe interessar. Nos casos de dúvida deixe-se aconselhar pela razão, que normalmente traz uma opinião ponderada. Na sua caminhada seja sempre fiel à sua consciência e à sua vontade, evite pisos incertos. Quando menos esperar dará por si na terra prometida ou terra do nunca, mas que ao contrário do que pensa não fica no fim do mundo, ficará no centro do seu mundo.

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