quinta-feira, novembro 29, 2007

Enquanto dormias


Olhei-te séria enquanto dormias. Estavas tão lindo que quis eternizar o momento. A tranquilidade que transmitias nessa posição em que abandonaste o nosso mundo presente para te entregares aos sonhos cor-de-rosa. Mereces estar nesse bocadinho de paraíso, onde todos os desejos se concretizam e onde ninguém nos faz mal. Como sei que não te encontras no meio de um pesadelo a preto e branco? É fácil. Nenhum monstro mau se atreveria a meter-se com uma criança tão querida quanto tu e nem eu o deixaria. Eu filtro os teus visitantes nocturnos, como a um bom porteiro compete.
- Onde vai? O que deseja? O que traz consigo?
E só dou autorização de passagem às mais belas fadas madrinhas, ursos de peluche, bolas de algodão doce e gominhass gelatinosas que te dão os mais saborosos beijos melados. O teu ligeiro sorrido denuncia as maravilhas que estás a viver. É por isso que tiro esta fotografia, para que amanhã, já homem feito, a possas recordar e, por breves instantes, revivas o quanto foste feliz enquanto dormias...

quarta-feira, novembro 28, 2007

O MEU MARIDO



A expressão o meu marido, se analisada com cuidado, não só daria para uma excelente reflexão, como bem trabalhadinha até para uma qualquer tese sobre o assunto. A frase é a mesma, não muda, não tem de mudar, nem tem como mudar. Muda, e muito, é a entoação com que esta é proferida, as vezes em que é feita, os motivos que a evocam e o público alvo. Com naturalidade numa conversa trazemos aqueles que nos são mais queridos por variadíssimas razões, temos prazer e orgulho em falarmos sobre eles. A diferença reside em dizer-se no outro dia o meu marido chegou atrasado ao emprego ou o meu marido ligou-me para saber se eu estava bem porque passei mal a noite e dizer-se no outro dia O MEU MARIDO ligou-me porque passei mal a noite, ou ainda, O mEu MaRiDo fez isto e aquilo, o MeU mArIdO, o MEU marido, O meu MARIDO e por aí em diante. Nalguns casos mais gritantes os olhares femininos cruzam-se de imediato, nalgum tom de crítica, muito subtil como é costumes entre senhoras. A feliz contemplada com UM MARIDO fê-lo saber, a alto e bom som, para que não restassem dúvidas entre as presentes, as que por acaso passavam, as que estavam no corredor e as do andar de cima. Aquela senhora era uma premiada, foi importante sabê-lo.

Outros casos, não menos interessantes, são os daquelas que, por alguma razão, não viram oficializado o seu enlace e, por isso, estão juntas, amantizadas, em união de facto, ainda em fase de namoro prolongado, mas por acaso já a partilhar a vida. São várias as formas existentes para descrever a situação actual do casal, eu gosto particularmente do sou junta, não sou casada. Uma vez não tendo sido proferidas sobre as suas cabeças as palavras declaro-vos marido e mulher, principalmente a mulher, vê-se um bocado às aranhas quando se quer referir à sua cara metade. Ele não é meu marido porque não casámos, defendem-se algumas quando se nos escapa um então, como está o teu marido? Nestes casos são também curiosos os nomes por que são chamados: o meu companheiro, o meu namorado, o meu parceiro, qualquer coisa menos o meu marido.

Os homens para além de não complicarem tanto por Natureza neste tipo de coisas, têm a vida duplamente facilitada porque a minha mulher para aqui, a minha mulher para ali não ofende a ninguém e está o assunto resolvido. E é muito interessante porque não me recordo de nenhum episódio em que A MINHA MULHER alguma vez tenha sido efectivamente dito, com a intenção com que uma mulher o pode dizer.

São, de facto, dois mundos muito diferentes nalgumas coisas. Acho que parceiro, marido ou namorado importa é que as pessoas sejam felizes. Se se encontraram, que façam por perpectuar os compromissos que assumiram, com lealdade e, também, um pouco de humildade.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Jantar


Só pus a mesa a contar comigo hoje. O jantar é mais pobre, a casa está fria, o teu lugar está vago. As loiças fui buscá-las ao armário que raramente é aberto. Quis fazer especial este momento, já que a solidão ninguém ma tira.

domingo, novembro 25, 2007

Perspectivas II

- Quando olho para esta imagem realça-me logo a bonita pulseira que ela traz. Acho um pormenor fenomenal, não concordas?
- Sim, claro.
- Acho muito importante a cor dos olhos e o cabelo esticado. Assim, caído sobre os ombros fica muito bem, o que dizes?
- Sim, pois...
- Está um bonito retrato, ela certamente ficou muito satisfeita com o resultado final. É uma fotografia da qual se deve orgulhar, não achas?
- Sim, acho.
- E tu? Não dizes nada? Não comentas? Só concordas?
- Sinceramente? Vejo uma gaja boa, um olhar provocador e um fio dental. Não consigo ver muito mais do que isto. E só tenho pena que não seja tua amiga porque faria muito gosto em fazer parte do seu círculo de amizades. Desculpa se estou a ser demasiado redutor, mas tu é que perguntaste.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Vá lá


Está bem, não peças mais que não a pena, já me convenceste. Sabes que acho deliciosa a forma como levas a água ao teu moinho. Acho incrível a maneira como me deixo seduzir por ti, mas tem valido muito a pena, fá-lo-ei sempre e todos os dias porque só para ter o teu sorriso rasgado, tudo é válido. Pede que eu dou, mas com carinho...

quinta-feira, novembro 22, 2007

quarta-feira, novembro 21, 2007

Leva-me daqui


Esta noite sonhei que me levavam para bem longe daqui. Não sei para onde me levavam, não sei quem me levava, só sei que sentia uma enorme confiança, sentia-me segura. Não fiz perguntas, não inventei desculpas ou me precipitei em disparates. Deixei que a oportunidade tomasse conta de mim e que a sensação de aventura me guiasse a um lugar desconhecido que eu pressentia confortável. Deixei que o vento batesse suavemente no meu rosto, as minhas tranças pretas voavam como os pássaros, ondulavam ligeiramente ao sabor da brisa. Sei que a expressão da minha cara era feliz, sentia-me cheia por dentro, nada mais cabia dentro do meu peito, acho que é esta a sensação de realização. Momentaneamente sentimos que nada nos fará mais felizes do que aquilo: temos tudo. Era isso que sentia nesta pequena viagem.

Sentia-me como num conto de fadas, talvez porque tenha lido muitas histórias encantadas em miúda ou me tenha deixado influenciar pelos desenhos animados e as suas histórias com finais felizes. Adoro finais felizes. Mas este passeio acabou mal. Levada por vários balões de cores garridas vi aproximar-se lentamente um pássaro azul. Sorri-lhe de imediato, queria-o comigo nesta etapa. Assobiei-lhe e ele aproximou-se. Um a um picou todos os meus balões, caí desamparada no chão. Nesta aflicção acordo com o despertador mal disposto. Malvado, foi ele que me estragou o sonho, todos os dias acorda rabugento e é em mim que descarrega. Calei-o, mas desta vez não lhe dei o murro do costume. Silenciei-o só, pode ser que amanhã ele se lembre e me acorde com outros modos.

terça-feira, novembro 20, 2007

Páginas a preto e branco


Quando no livro da tua vida encontrares uma página a preto e branco vai àquela gaveta que nunca abres, onde depositaste os lápis de côr gastos de tanto afiar, as canetas de feltro que já só borram, os restos de lápis de cera partidos que sobraram e os guaches secos e apertados e atribui-lhes as cores que mais gostares, aquelas que queres que marquem aquele dia específico que, por alguma razão, saiu descolorado. Se precisares de ajuda procura quem te dê uma mãozinha para cumprires esta tarefa com sucesso, importa que seja alguém especial, alguém que naturalmente já te ilumina só pela sua presença. A dois para além da nova côr, poder-lhe-ás dar outro sabor, outra luz. Um novo perfume à página seca do livro da tua vida.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Tiro eu ou tiras tu?


Tiro eu ou tiras tu?
Quando se cumpre a promessa há muito feita, mas nunca dita.
Quando a vontade se instala e o momento acontece.

Tiro eu ou tiras tu?
Talvez nem seja uma pergunta relevante ou até o seja.
Talvez não seja o momento mais apropriado ou até o seja.

Tiro eu ou tiras tu?
Não esperavas a pergunta, nestas situações não se pensa.
Não sabendo o que haverias de responder, tiraste e ficou o problema resolvido.

sábado, novembro 17, 2007

Chegado o Outono


Começamos a sentir o Outono mais a sério. Começa o frio e os dias cinzentos, cada vez mais curtos, às 17h30 é de noite e a vontade de nos aconchegarmos começa cedo. As bebidas frescas são trocadas por chávenas de chás aromáticos, cafés cada vez mais sofisticados ou canecas de chocolate quente que não só nos confortam por dentro, como nos maravilham pelo seu sabor forte e intenso. Quando penso nestes serões vejo-os serenos. Na rua as pessoas caminham encolhidas, evitam parar porque quietas arrefecem muito facilmente. Aglomeram-se para que o calor que exista se concentre, procuram quem as acolha num abraço que se quer eterno. Em casa as mantas são fiéis companheiras, uma lareira acesa, uma televisão, um filme que não cansa, uma caneca na mão que apertamos com força, uma sala a meia luz, um nariz gelado. Nos meses frios do ano são momentos como estes que naturalmente procuramos, que inevitavelmente passam a fazer parte do quotidiano.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Doce e cremosa


Hoje estavas linda. Olhava para ti e sentia-te cremosa e aveludada. És um doce raro de encontrar, és um ternura de pessoa, uma pérola cobiçada. É uma alegria ver-te passar porque a tua côr espalha-se por onde passas e a tua aura é capaz de tocar até do mais distraído. A luz que te cobre, não é muito intensa, não fere a vista ou ilumina o caminho, mas é uma luz que nos aquece por dentro, que nos conforta o coração. A tua presença é sempre desejada e por todos querida.
Estranhei que abriste a mala, olhaste lá para dentro e deixaste apagar a tua luz. Percebi que não encontraras o que desejaras. Sentiste-te sozinha e nem a multidão sorridente que te rodeava chegava para suprimir aquela falha. Largaste a mala, abriste as mãos e viste-las vazias. O terror da frieza invadia-te aos poucos e o gelo era insuportável para ti. A pastilha que mascavas perdera o sabor, o teu nariz deixara se sentir o aroma das coisas. Tudo em ti perdia o valor normal das coisas, perdias o rumo. Todos percebemos a tua angústia, um estendeu-te a mão e depositou-te no canto em que a verdade acontece e o amanhã recebe uma nova vida. É o corte com aquilo que não queres, para te reencontares com a pessoa que és e sempre serás e com o futuro com que sempre sonhaste.

quinta-feira, novembro 15, 2007

quarta-feira, novembro 14, 2007

Gajas há muitas


- Olá, bom dia! Bem disposto?
- Sim, sempre. Quer dizer... Nem por isso - percebi que não estava bem.
- Então? Algum problema?
- Não, nada que não se resolva. A minha namorada, com quem estava há três anos e meio, traiu-me.
- Epa, que chatice. - não sabia o que dizer, sentia que nada havia a dizer, nestes momentos acho que o próprio nem deseja que nada seja acrescentado. Ele quer somente desabafar o que o atormenta, largar a dor que trás.
- Acreditava que tinha a minha vida encaminhada, os planos para o futuro eram mais que muitos, a partilha da vida era já uma realidade. Tudo em vão, para acabar assim. Mas não lhe guardo qualquer rancor, é ela quem fica a perder, ela sabe disso, as suas lágrimas são só o resultado do remorso que sente pelo tudo que pôs a perder por umas horas de prazer.
- Compreendo-te bem, sabes que tenho como mote na minha vida que importa sempre a nossa consciência, nada mais, porque é com ela que teremos de viver para sempre.
- Sim, concordo. Fiz tudo o que podia, dava-lhe tudo, planeava pelo Natal oferecer-lhe o carro que ela tanto desejava ter, estava a poupar para lhe fazer essa surpresa. É estúpido não olhar para mim agora como um palhaço. Outra beneficiará do que tenho, da pessoa que sou.
- Pela forma como falas suponho que tenhas terminado a relação.
- Sim, claro. Não podia continuar com uma pessoa em quem não confio minimamente. Participei numa competição no estrangeiro e nessa temporada em que estive fora ela envolveu-se com outro homem. Na altura estranhei o seu comportamento incómodo, estranhei-a como pessoa, não te sei explicar, essas coisas sentem-se.
- Claro, entendo.
- Ela acabou por não suportar a pressão e contou-me o que se tinha passado. Estou bem e estou mal ao mesmo tempo, sinto-me esquisito.
- A tua vida mudou: mudou a tua rotina, mudaram os teus hábitos. Aquela peça certa e presente na tua vida desapareceu e com ela vai uma boa parte da tua vida, tens de te readaptar ao facto de agora estares sozinho.
- Sim, é isso mesmo. É essa a falta que sinto. Sempre soube pôr as pessoas nos seus devidos lugares, nunca dei confianças às mulheres que se aproximavam por muito irresistíveis que fossem, os meus princípios estavam e estarão sempre acima de tudo e eu acreditava que a pessoa que tinha comigo estava comigo nesta verdade. Doi-me isso. Eu sei que fraquezas, falhas todos temos e cometemos, mas não posso deixar passar uma coisa destas sob pena de pôr em causa a minha vida toda, a minha felicidade. É porque não era ela a pessoa certa para mim ou até era, não sei, nem nunca o saberei porque aquele é um capítulo terminado na minha vida. Sempre fui um livro aberto, ela tinha acesso a tudo o que era meu, sem segredos, nem tabús. Não imagino uma vida a dois com meias coisas: ou é tudo ou não é nada e ela tinha tudo meu. Dei-lhe um cartão multibanco da minha conta, ela era quem andava com o meu carro, dei-lhe uma cópia da chave da minha casa, no fim desabarmos como casal por um capricho dela. Não há nada na minha casa que não tenha sido escolhido pelos dois, prevalecendo sempre a opinião dela sobre a minha, seria também um dia a sua casa e queria que ela estivesse feliz, que sentisse que aquele espaço era tão seu quanto meu. Nada era meu, tudo era nosso. Pergunto-me se terá valido a pena.
- Entendo-te e, se me permites digo-te, valeu a pena, muito a pena, na medida em que o fazias porque amavas e nada que seja feito de amor sincero perde valor, pelo menos para o próprio, por muito mal que ele se sinta. Perde quem não valorizou o que fizeste.
- Não me assusta pensar namorar outra pessoa, só me assusta pensar e quem? Gajas há por aí com fartura, fúteis, plásticas, exuberantes. Quilos de tinta, horas de cabeleireiro, para fazerem realçar as únicas qualidades que têm. Ocas de cabeça, deslumbrantes à vista. Sabem que só nos conquistarão pelo aspecto e nisso são mestras. Não quero ninguém assim para mim, prefiro estar sozinho a deixar-me iludir por aquilo. Quero uma mulher a sério, alguém que assuma um compromisso, que me respeite e se dê ao respeito. Alguém com objectivos, metas, ambições, valores. No fundo procuro uma igual, particular na sua diferença, é certo, mas uma igual naquilo que deve de ser. Julgava tê-la encontrado. Nunca conhecemos verdadeiramente ninguém, nunca saberemos do que elas serão realmente capazes de fazer, sobre que pretextos, que razões, com que interesses. Sei que não é missão fácil, resta-me esperar.
- E vais conseguir.

Andei o dia todo a remoer cada palavra que trocámos, cada expressão do seu olhar, cada gesto. É das pessoas mais transparentes que conheço, custou-me, como acho que custa sempre um episódio destes.

terça-feira, novembro 13, 2007

Inveja é coisa feia


A inveja é uma coisa feia, mas invejo a tua forma alegre de estar na vida, o teu sorriso sempre pronto e a tua expressão satisfeita. Até nem estou a ser grande invejosa, há piores. Invejo também o teu ar saudável, a tua firmeza ao encarares o futuro e ao lembrares o passado. Bom ou mau não sei, mas vidas perfeitas ninguém as tem e a tua parece sê-lo e isso não me agrada. Invejo as tuas cores luminosas, transmitem-me vida e fazem-me pensar em vidas cor-de-rosa. Invejar é a pior coisa do mundo, Deus nos livre de tal sentimento e de tais gentes. São pessoas amarguradas, marcadas pelo ódio, incapazes de dar valor ao que têm ou conquistaram, os outros é que são bons, têm coisas boas. Até me arrepio só de pensar neste assunto. Eu não o sou, nem nunca o fui, mas esse teu olhar simpático irrita-me, gostava de ter um assim também. Escreve o que eu te digo, quando te cruzares com um invejoso já sabes, foge dele a sete pés antes que olhe para ti com o ar de cobiça com que eu te olho.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Buzinão

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Fica a questão: a buzina do carro esgota? Se no trânsito a pressionar afincadamente como se não houvesse amanhã e não a largasse mais, ela acabaria alguma vez? Avariava? Pedia férias ou reforma antecipada? Ela alguma vez perde o pio?

domingo, novembro 11, 2007

Adivinhos


Queria ser capaz de ler nas entrelinhas, de perceber os silêncios, de entender os olhares, de acreditar nas palavras. Nem sempre o consigo e quando isso acontece volto-me para o que posso e espero que o tempo cure a angústia e traga as respostas que quero que sejam instantâneas.

sábado, novembro 10, 2007

Onde? Porquê? Para quê? Quando?

Não sei a quem já a entregaste, se já o fizeste, se já o ouviste, quantas vezes, com que frequência, porque razão, em que circunstância, como o sentiste, como o viveste, o que fizeste, como o fizeste, qual a sua consequência...
Não sei porque para alguns é tão querida e para outros tão insignificante. Uma coisa é certa: não lhe somos (acho que não podemos ser) indiferentes, sabemos que por trás desta palavra está a declaração de quem (em princípio), de coração sincero e aberto manifesta o que de mais belo e puro pode existir - o amor. Cada um que o diga de sua justiça, mas para mim é das melhores coisas do mundo.

sexta-feira, novembro 09, 2007

smoke


Se o teu perfume tivesse uma côr estou certo de que seria vermelho, cheiraria a doces morangos e enfeitiçaria quem por ti se cruzasse. Mas isso não acontece, sei que passas por mim e despertas a minha atenção e o meu desejo, somente porque passas e me tocas com a tua naturalidade. Nada em ti é artificial, tudo é único e genuíno e é na tua inocente criatividade que reside o teu segredo. Não precisas deste perfume que te queria oferecer, já o trazes contigo desde o dia em que nasceste.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Quedas


Ontem ia a passar quando tropeço numa pedra e espalho-me ao comprido. Naturalmente entre a dor ainda mal suportada e o instinto de me refazer do susto, olho em volta na esperança de que este momento humilhante tenha sido só meu e que ninguém se tenha apercebido da minha triste sorte. Uma meia dúzia olhava-me de lado, mas sem grande intuição para me dar a mão, puxar-me para cima. Observavam a ave rara que se estendera ao comprido no meio da via pública e que, por esse razão, se não se despachara a levantar, não tarda estaria a impedir a normal circulação de transeuntes. Sentei-me no chão, olhei para as minhas calças e levanto-as na esperança de não me ter aleijado muito. Um joelho esfolado. Bem, podia sempre ser bem pior. Sentia um enorme ardor nesse joelho, já nem me lembrava do que isto era. Em miúda era hábito e sintia-me novamente como uma criança que cai ao chão e corre para os braços de alguém em busca de auxílio. Trinta anos depois a diferença é que eu não tinha a quem recorrer neste momento de aflição. Foi com alguma pena que constactei isso, é tão confortável termos um colo a que podemos recorrer para chorar, que ele absorverá cada lágrima nossa a transforma-la-á em força para suportarmos as próximas adversidades. É um bonito gesto de amor. Sozinha lá me apoiei ao que encontrei e com algum custo pus-me de pé para prosseguir o meu caminho depois desta pequena interrupção. Meia coxa lá fui convencendo o meu joelho de que magoado ou não, ele tinha mesmo de fazer esta viagem. Quando chegasse a casa lá lhe daria o tratamento necessário e a atenção merecida, mas até lá pouco ou nada mais podia fazer...

quarta-feira, novembro 07, 2007

Tu estás aí?


Posso mentir aos homens, contar-lhes aventuras, exagerar nos pormenores, oferecer promessas fáceis de dizer, mas difíceis de cumprir. Posso tudo isto e muito mais porque ninguém calará a minha boca, me amordaçará ou prenderá. Com convicção vendo as mais fantásticas estórias. Contudo não me consigo enganar a mim, nem a Deus. Somos os únicos que não nos deixamos cair na fantasia das minhas palavras. Talvez por isso a fuga à Sua existência seja bem mais confortável do que assumir a Sua omnipresença. É duro saber que o segredo das nossas fragilidades não permanece somente connosco.

terça-feira, novembro 06, 2007

Menina


Menina bonita, do olhar prometedor, não sabes o quanto me deixas sem hipótese de fuga quando de mim te aproximas.
Postura terna e tentadora, apareceste sem que desse conta e hoje não me sais do pensamento.
Palavras meias ditas, pensamentos diluídos e questões por colocar, não sei se temo a tua resposta por ser afirmativa ou negativa. Sinto-me novamente um cobarde, hoje diante da tua presença.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Oportunidades


Agarra as oportunidades que te são oferecidas. Preserva aquelas que valem a pena. Tira das que não prestam a lição que elas tiverem para te ensinar. Acima de tudo age sempre em conformidade com a tua consciência porque é com ela que terás de viver para o resto da tua vida.

domingo, novembro 04, 2007

Quatro dias depois





Quatro dias depois fica um pequeno espreitar sobre o muito que vi e vivi. É difícil de descrever o misto de coisas que se sentem. Numa única frase afirmo que valeu muito a pena. Foi bom sair da rotina e temporariamente cortar com o mesmo acordar para acordar para um novo olhar sobre a vida e sobre o mundo.