segunda-feira, outubro 08, 2007

Casa nova

Na casa deste casal amigo, recém-casado, com tudo por estrear, cheiro a novo, tudo intacto. Era a primeira vez que reuniam colegas e familiares para um mega almoço e lanche que pretendia juntar aqueles que lhes são mais queridos e perceberem o que é isto do bem receber. A ansiedade era a do costume, o brio e a perfeição eram as palavras de ordem - tudo se queria tirar das gavetas e dos armários. As toalhas vincadas combinavam com as velas decorativas, com os guardanapos coloridos e escolhidos a rigor, com os copos alterativos, diferentes, modernos. Da Bimbi saiam sumos naturais de vários sabores, cores e texturas, em pouco tempo enchia-se de jarros de sumo a mesa. De sede não haveríamos de morrer. Compunha-se a mesa de carnes frias, mariscos, queijos, presuntos, doces, docinhos, adocicados de todas as formas e feitios. Alguns ainda são do casamento, comentava a menina das honras da casa de sorriso rasgado no rosto. Congelámos e assim conservámos alguma comida para não a estragarmos, sobrou tanta coisa... Conheço-os bem. Sei como são poupados, não desperdiçam, não esbanjam. Aprecio esta qualidade.
Atrapalhados, lá se iam atropelando os anfitriões da festa: queriam que nada faltasse, que tudo estivesse ao gosto dos convidados, queriam mostrar que são capazes de gerir com naturalidade e rigor os vários desafios a que a vida de casados os obriga. A entrada a dois, na vida social, no seu ninho, no canto que escolheram para si e, futuralmente, para os seus filhos, que já têm o seu espaço reservado. Na casa dos meus pais era diferente, eu sabia que tudo estava nos seus ombros, eu era uma mera ajudante, hoje sinto que está tudo sobre mim, suspirava a dona da casa, já com algumas dores nas costas, mas sempre a transpirar alegria. O rapaz sempre incansável, de um lado para o outro, fazia tudo o que podia e entre uma tarefa e outra lá lhe ia massajando os ombros, na esperança de que assim a aliviaria do desconforto. Mais um beijinho na testa, um aperto carinhoso das duas mãos, hoje ligadas pela aliança brilhante que trocaram há duas semanas, e prosseguiam a sua luta.
Saí de lá com uma sensação de paz, de confiança e, acima de tudo, de enorme alegria por ter partilhado aquele momento. A construção de um projecto é sempre marcante, para quem o vive e para quem o assiste. Foi uma tarde muito bem passada.

Sem comentários: