sexta-feira, maio 16, 2008

Coisas de gaja


Sou daquelas mulheres que feliz ou infelizmente acredita que consegue fazer quase tudo. Leio sobre os assuntos, observo quem sabe o que faz e experimento fazer sozinha. Só não corto o cabelo em casa por razões que me parecem óbvias, de resto atrevo-me a tratar de mim. Diz o calendário que amanhã tenho um casamento e resolvi tirar o dia para me entregar a profissionais. Nunca me tinha metido nestas coisas de manicures e pedicures, mas há sempre uma primeira e eu achei que esta seria uma boa altura para o experimentar. Em dia de folga pus-me desportiva de ténis e roupa larga e lá fui eu decidida.
- Bom dia menina, diga.
- Bom dia, quero fazer manicure.
- Agora?
- Sim, agora.
Lá me sentei confortável e esperei que tratassem de mim como mereço. Olhei triste para o reflexo dos meus nervosismos. Quem acaba sempre por pagar são as minhas mãos, não necessariamente as minhas unhas, mas encontro peles onde elas não existem e só faço asneiras com os dentes. Fiz um momento de mea culpa e pensei "definitivamente tenho de acabar com este mau hábito". Enquanto ela observava atenta as minhas mãos senti um misto de sensações: por um lado um orgulho das minhas mãos bonitas, por outro uma enorme desilusão porque as estrago quando as meto na boca quando as preocupações apertam. A solução? Tenho de me ver livre de todas as preocupações da minha vida (lol).
- Como quer pintar?
- Uma coisa discreta, com a ponta da unha em branco.
- Quer uma francesinha. Muito bem. - a francesinha dispenso, fico-me só pela manicure. Estes diminutivos ficam engraçados.
E lá estive perto de uma hora com ela a olhar para mim. Terminado o trabalho é hora de deixar secar.
- Esta é a parte pior - comenta ela - o verniz demora a secar, está com muita pressa?
- Não, nada (tirei o dia para isto, pensei para comigo.)
- O verniz só fica definitivamente seco ao fim de duas horas.
DUAS HORAS? Pensei eu... Andava mesmo a leste destas coisas. Fiquei uma meia hora de dedinhos estendidos.
- Cuidado - alertava a rapariga - não se esqueça que não pode tocar em nada porque ainda não está definitivamente seco.
- Sim, obrigada. Serei prudente. - saí com um sorriso e com os dedos todos afastados uns dos outros e de gestos controlados não me fosse (literalmente) saltar o verniz.
(Umas horas mais tarde estava na hora da pedicure. Sim, sim, hoje foi mesmo tudo a rigor)
- Boa tarde, era para fazer a pedicure.
- Sim, claro, sente-se nesta cadeirinha - adoro estes diminutivos, é o segundo do dia, ficam sempre bem.
Sentei-me e pus os pézinhos de molho, lá andou de volta de mim: uma para aqui, pele para ali, uma massagem e outra e pronto. Uma hora e qualquer coisa depois estava despachada e também precisei de uma meia hora para deixar secar o verniz. Este foi mesmo um dia para isto. Foi engraçada a experiência e o resultado.

1 comentário:

José Eduardo disse...

Confessa lá que no final disso tudo não se sentiste mais alegre e mais gaja? :P