segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Na tua ausência



Viras costas. Deixas o rasto da gasolina que consomes para fugires de mim. Guardo este último perfume amargo. É um até já, porque ainda espero um adeus electrónico. Entro no carro ainda trémula e arranco desejando não estar a fazer aquilo. Nesta curta viagem revivo as palavras trocadas e as que ficaram por dizer. É boa a sensação de ainda não ter tudo gasto, dito. Guardamos uma meia dúzia no bolso na esperança que haja uma próxima. Três ou quatro assuntos pendentes nunca fizeram mal a ninguém.

Os sentidos estão particularmente apurados e ansiosos. Degustam-se as migalhas que foram atiradas que, claramente, souberam a muito pouco, mas que queremos que rendam pela eternidade fora.

Quando deixas de estar por perto sinto o desconforto desse vazio. Fico irrequieta e prefiro nem pensar. Tudo parece morno, insonso e acinzentado e as migalhas, mesmo poupadas, lentamente dissolvem-se. Resto, zero!
Aguardo o adeus. Não tardou. Fecho os olhos e durmo. Amanhã é dia de trabalho.

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