sexta-feira, agosto 24, 2007

Quando me conheceste

Conheceste-me numa altura em que eu não questionava o que se dizia, nunca tinha pensado na vida e qualquer tema me fascinava, principalmente aqueles que aparentavam ser mais profundos, de gente intelectual, importante e sabida. Assim fui-me abrindo ao exterior, fui enriquecendo como pessoa, fui colhendo tudo o que podia. O caminho era longo, tudo era tão novo e eu assemelhava-me a uma esponja que absorve quase sem filtrar. Digo quase porque nem tudo o me era vendido era comprado ao preço que se oferecia, também fui impondo uma meia dúzia de exigências na esperança de não ser atropelada abruptamente, sem dó nem piedade. Sabes, sinto falta daquele tempo e daquilo que éramos. Mudámos tanto: tinhas risco ao lado e usavas suspensórios, eu passarinhava-me de ténis e roupa dois números acima do meu porque ainda não reconhecia o meu corpo. Lembras-te das horas que passavam sem darmos conta e dos quilómetros percorridos só porque nos dava gozo? Com eles vinham as conversas que saltitavam, a partilha, as risadas incontroláveis fruto das babuseiras que algum deixava escapar espontaneamente.

Hoje não queremos fazer contas aos anos que passaram entretanto porque nos lembram o hoje. Não que ele nos desagrade, bem pelo contrário, estamos bem, somos uns felizardos, podemos dizer que temos quase tudo. É só que para trás deixamos a saudade daquele tempo descomprometido e hoje carregamos o peso e a responsabilidade que a idade transporta e em nós deposita. É a certeza de que não o voltaremos a ter, mas a alegria de o termos experimentado é tanta que vive connosco e, cada vez que nos vem à lembrança, nos rasga o sorriso e nos faz dar graças porque o que somos hoje é também consequência daqueles momentos que ontem, hoje e sempre estão eternizados nos nossos corações. Obrigada.

2 comentários:

Nuno Gonçalves disse...

O meu agradecimento vai apenas com uma palavra - comestível!

É momento que não mais poderemos esquecer e que seria cena central se um qualquer cineasta conhecesse a nossa história. É resumo das horas a conversar, dos laços que nos unem, dos quilómetros percorridos apenas para passarmos mais um pouco juntos.

Muito obrigado eu, pelas razões que conheces.

Anónimo disse...

às vezes penso que escreves coisas que eu nem a mim prórpia revelo por medo ;) Tá perfeito
*Ritinha*