quinta-feira, novembro 08, 2007

Quedas


Ontem ia a passar quando tropeço numa pedra e espalho-me ao comprido. Naturalmente entre a dor ainda mal suportada e o instinto de me refazer do susto, olho em volta na esperança de que este momento humilhante tenha sido só meu e que ninguém se tenha apercebido da minha triste sorte. Uma meia dúzia olhava-me de lado, mas sem grande intuição para me dar a mão, puxar-me para cima. Observavam a ave rara que se estendera ao comprido no meio da via pública e que, por esse razão, se não se despachara a levantar, não tarda estaria a impedir a normal circulação de transeuntes. Sentei-me no chão, olhei para as minhas calças e levanto-as na esperança de não me ter aleijado muito. Um joelho esfolado. Bem, podia sempre ser bem pior. Sentia um enorme ardor nesse joelho, já nem me lembrava do que isto era. Em miúda era hábito e sintia-me novamente como uma criança que cai ao chão e corre para os braços de alguém em busca de auxílio. Trinta anos depois a diferença é que eu não tinha a quem recorrer neste momento de aflição. Foi com alguma pena que constactei isso, é tão confortável termos um colo a que podemos recorrer para chorar, que ele absorverá cada lágrima nossa a transforma-la-á em força para suportarmos as próximas adversidades. É um bonito gesto de amor. Sozinha lá me apoiei ao que encontrei e com algum custo pus-me de pé para prosseguir o meu caminho depois desta pequena interrupção. Meia coxa lá fui convencendo o meu joelho de que magoado ou não, ele tinha mesmo de fazer esta viagem. Quando chegasse a casa lá lhe daria o tratamento necessário e a atenção merecida, mas até lá pouco ou nada mais podia fazer...

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