terça-feira, julho 24, 2007

Fresca


Segui o teu conselho: enfiei-me na banheira e por lá fiquei de molho de olhos fechados, a pensar em nada. Isto de se dizer que as mulheres estão sempre a pensar em qualquer coisa não é necessariamente verdade, dou por mim muitas vezes de cabeça vazia, forço-me a isso, acho que me faz falta. Alturas há em que quanto mais pensamos mais complicamos, pomos hipóteses descabidas e quando damos por nós são depressões e choros e sabe Deus mais o quê.

Ontem estive com esta amiga que me dizia estar nesse estado depressivo. Eu nunca a ouvi dizer outra coisa que não isto e conhecemo-nos há onze anos. "Olha, estou com uma depressão". Não compreendo o porquê de uma rapariga na situação dela sentir-se bem em viver neste constante estado de inquietude e desilusão. Questionei-me de imediato qual seria a origem de mais uma depressão: tem trabalho, é convenientemente remunerada pelo que faz (não é certamente um avantajado ordenado de fazer cair o queixo e tudo mais o possível, mas para uma profissional estagiária, em início de carreira, a correr o risco de receber nada - que é o que é suposto infelizmente - nem me parece mesmo nada mal), tem uma família estável, conforto, um namorado incansável, que gosta dela até mais não, têm prespectivas futuras felizes, tem saúde, resumindo e concluindo, tem tudo. Acho que falta o principal: gratidão. Se ela efectivamente valorizasse o que hoje é seu, o percurso feliz que tem caminhado e o futuro que a espera e que espera que ela o abrace de sorriso rasgado para também ele lhe sorrir, ela certamente não entraria nestas crises desnecessárias e inúties, esgotantes para ela, que é tão jovem, e para os que a rodeiam que um dia poderão cansar-se de tanto lhe dar e de ver como nada é suficiente, nada satisfaz. Olhamos para o lado e tanta gente vive privações, chora desgostos ou sonha com a saúde perdida. Enfim, cada um saberá de si...

Depois do banho e de mais um dia de trabalho assim me sinto: fresca e, espero, descomplicada.

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