domingo, abril 15, 2007

Folhas amarrotadas

Quantas árvores choraram o desperdício
Pilhas de baralhados sentimentos e vagas reflexões
Entre tintas coloridas e rabiscos a carvão
Decorados com desenhos primários reveladores de uma infância feliz

Desabafos, preocupações, inquietações
Avalanches de vãs esperanças num qualquer ecoponto
Algumas celadas a cadeado por escorregadias amostras de chaves
Essas ficaram trancadas para a eternidade

Hoje as folhas são telas brancas onde o gasto é a energia
Poupam-se as lágrimas outrora derramadas
Ganha-se em canetas, lápis, borrachas e afias

Contudo nada paga o prazer de uma mão que se arrepende
E corre a rasurar com quanta força tem
Aquela palavra escrita
Que não era propriamente dirigida a ninguém

Tudo isto e mais alguma coisa
No tempo das folhas amarrotadas
E das mãos sarapintadas por canetas que rebentavam

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