quarta-feira, abril 25, 2007

Encontros

Assim estava eu sentada, entretida a pensar no ontem, no hoje e no amanhã, quando levanto os meus olhos e me fixo num rosto familiar que passava. Também aqueles olhos se colaram aos meus num ápice. Reconhecemo-nos. Ele passeava apressado, com passos pesados e eu seguia cada milímetro de terreno percorrido. O filme das nossas vidas correu de uma ponta a outra, rebobinando cada face cruzada até então, cada local explorado, numa busca incessante, esgotando a memória.

Eis que me ocorreu quem eras e não pude suportar o sorriso que rasguei de imediato. Eras a recordação de um passado realizado. A minha alegria depressa te contagiou e te trouxe à lembrança quem eu era. Correste para mim.

- Olá, estás boa?
- Estou óptima e tu? Nem sei se estás a ver quem sou...
- É claro que sei quem és, mas não me recordo do teu nome.
- Principezinha.
- Claro, Principezinha...

Em breves minutos partilhámos os percursos tomados por cada um. Cinco anos condensados ao essencial.

- Então e continuas a viver o teu sonho? - perguntaste-me.
- Quem me dera... Sabes como é difícil, deixei-o adormecer. Mas dava tudo para voltar a vivê-lo.

Virámos costas. O tempo a isso nos obrigou. Trocámos números e últimos sorrisos.

Vieste acordar um velho sonho anestesiado.
Teve tanto de bom como de doloroso.

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