quinta-feira, abril 19, 2007

Fitas do passado


Guardam-se as fitas do passado numa memória que se quer jovem e pouco saturada. Contudo, é interessante verificar como o cérebro é capaz de fazer sumir tantas palavras desagradáveis ou episódios menos felizes.

Se não é para reter para a posterioridade, também não fica aqui a fazer nada. E assim desaparecem com a brisa do final da tarde. Viajam para terras distantes, para junto de línguas estranhas e enroladas que certamente nunca compreenderão aquelas tamanhas maldades. Bom para eles, melhor para nós que nos purificamos dos maus pensamentos e das noites mal dormidas.

Reservam-se fotos de momentos queridos, dos sorrisos intensos e sinceros, da alegria dos olhares partihados. A não ser que se procurem, ficam onde as deixarmos ficar a ganhar pó e a degradarem-se como os sentimentos já o fizeram.

Engavetaram-se os postais carregados de sonhos e saudades. Cartas datando marcos da nossa história, mas que hoje não passam de aglumerados de letras sem nexo. Estas acho-as as mais difíceis de enfrentar. Lá sobrevivem, sei onde estão, mas não as procuro. Também não sou capaz de as fazer evaporar com um toque de magia e uns pózinhos de prelim pim pim.

Tudo isto e mais alguma coisa vive num sítio muito especial, reservado só para este efeito: o nada.

Sem comentários: